O grão-de-bico sempre fez parte e alimentou os povos desde a antiguidade.
Chegou nas Américas pelas mãos dos espanhóis e, apesar de ter passado muito tempo à sombra do feijão, o queridinho dos brasileiros, ultimamente vêm roubando a cena.
Segundo o engenheiro agrônomo Warley Nascimento, chefe geral da Embrapa Hortaliças (DF), no último ano o consumo de grão-de-bico quase dobrou. O pesquisador afirma que a espécie se adaptou muito bem ao nosso clima: “Requer pouco uso de defensivos agrícolas e não exige tanta água”.
O sucesso veio através dos 30 milhões de vegetarianos brasileiros. Isso porque, assim como outros leguminosos (ervilha, soja, feijão e lentilha), o grão-de-bico é muito rico em proteínas. Portanto, quem abandona a carne, vira ávido consumidor de grão-de-bico.
Lara Natacci, nutricionista da Dietnet (SP), estuda a ação dos nutrientes em prol da saúde mental. Segundo ela, o alimento é conhecido como “grão da felicidade”, pois é rico em triptofano: “Esse aminoácido é importante para a produção da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar”, explica Lara.
Além do triptofano, o grão-de-bico ainda é rico em carboidratos, vitaminas, fibras e minerais. Também fazem parte dessa leguminosa os antioxidantes, substâncias que neutralizam a ação dos radicais livres e que, portanto, cuida do bom funcionamento do cérebro. Indo ainda mais além, o grão-de-bico (e afins) possuem um baixo índice glicêmico o que ajuda no controle das taxas de glicose e menor liberação de insulina. Portanto, ao ingerir este tipo de alimento você está diminuindo o risco de diabetes tipo 2.
O que sabemos sobre o grão-de-bico
Origem: o grão-de-bico nasceu na região da Turquia. Pesquisas revelam que sua ‘domesticação’ data de 6500 a . C.
Tipos: o grão de coloração creme e que faz sucesso por aqui é chamado Kabuli. Na Ásia existe o tipo desi, que é mais escuro e pequeno.
Consumo: É a maior fonte proteica da Índia. A demanda é alta porque 60% da população é vegetariana.
Produção: a Índia ocupa o primeiro lugar na produção mundial. Na América, Argentina e México são os maiores produtores.
Família: faz parte da família das leguminosas, espécies que se desenvolvem em vagens. Seus parentes próximos são a ervilha, o feijão, a soja e o amendoim.
Curiosidades sobre o grão-de-bico
O grão-de-bico já fazia sucesso no Império Romano. O prato era conhecido como pulmentum, precursor da polenta. Além disso, existem rumores de que desde tempos antigos, o alimento tem efeito afrodisíaco. Dizem que davam grão-de-bico para os cavalos para que tivessem mais força para a reprodução. Não existem provas científicas sobre isso, mas o triptofano deve estar ligado à esta teoria. Finalmente, documentos revelam que a leguminosa estava entre os suprimentos presentes nas tumbas dos faraós, inclusive de Tutancâmon. Dizem até que a primeira receita de Homus é creditada aos egípcios, chamada de pasta de Her-bik ou pasta de bico de falcão. A iguaria se popularizou nas cozinhas sírias, libanesas e judaicas.
Hoje, existem empresas norte-americanas que fazem o homus doce, como alternativa ao chocolate ou à geléia para cobrir sobremesas.